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Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria debate alimentação e hábitos saudáveis de vida


A grade de programação do primeiro dia do XII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria, nesta sexta-feira (18/09) foi variada trazendo à tona debate de temas atuais e de interesse para médicos pediatras e de especialidades relacionadas. Na abertura do encontro, o presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Sérgio Luis Amantéa, manifestou a sua imensa satisfação com o sucesso do encontro que é tradicional e por conta da pandemia do coronavírus foi realizado pela primeira vez no formato digital.

“Sabemos que neste período de pandemia, todas as pessoas estão nesta rotina virtual. Temíamos que as pessoas estivessem saturadas, mas nos surpreendemos com alguns dados que mostraram mais de três mil inscritos e o interesse das pessoas por uma grade científica altamente qualificada”, afirmou.

XII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2020 SPRS
XII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2020 SPRS
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XII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2020 SPRS
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Palestras

Genética
Erros Inatos do Metabolismo: quando suspeitar? foi o assunto da primeira aula do dia. São seis mil doenças genéticas, sendo que 10% são consideradas Erros Inatos do Metabolismo.

“Com a genômica teremos uma amplitude maior do conhecimento dessas doenças. A suspeita dos casos é importante", afirmou a médica geneticista da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), Carolina Fischinger Moura de Souza.

Entre os fatores comuns que podem levar a suspeitas estão a consanguinidade entre pais, história prévia de morte neonatal ou infantil sem causa definida, histórico de indivíduos com encefalopatia crônica, fazer parte de algum grupo de risco, ou histórico de morte súbita na família.


Comportamento e Desenvolvimento

As mudanças de comportamento durante a pandemia de coronavírus foram trazidas no painel mediado pelo pediatra José Paulo Vasconcellos Ferreira. Assunto muito abordado no cenário atual, o psiquiatra, Victor Mardini reconhece os reflexos da quarentena em crianças e adolescentes, tendo o pediatra da família um papel-chave para identificar casos de problemas de ansiedade e depressão.

“Essa situação gerou traumas múltiplos de crianças como medo da doença, querer saber quando vai acabar, e a ausência do contato com a escola, que é fundamental no desenvolvimento nessa idade. Alguns adolescentes podem apresentar casos de problemas com sono, irritabilidade maior e os menores demonstrarem redução do interesse na escola, querer dormir com os pais e até fazer xixi na cama. O médico da confiança da família precisa detectar as situações em que é necessário o auxílio de um psicólogo ou psiquiatra”, explica.

Na sequência, o psiquiatra Lívio Francisco da Silva Chaves detalhou que em crianças que carecem de atenção especial, como no caso do autismo, há dificuldades com mudanças de rotina e alterações de padrões sem preparação programada, com relatos de uma piora na sintomatologia prévia por consequência da quebra da rotina e, por conta disso, uma agitação e nível de irritabilidade maior.

Os desafios impostos pelo crescimento do jovem e o início da puberdade foi o tema apresentado pelo pediatra Marcelo Pavese Porto.

"É necessário um acompanhamento ao longo do tempo e observando características determinadas da população e informações da família. Por mais que, na maioria dos casos, sejam variantes normais, podem ser manifestações de doenças endócrinas", define.

Participou também o endocrinologista, Guilherme Guaragna Filho, que advertiu que a observação para uma puberdade precoce é fundamental, porém deve ser investigado com cautela na distinção do que é natural e o que carece de uma atenção maior.

As doenças crônicas não transmissíveis do adulto como obesidade, sedentarismo, depressão e ansiedade foram debatidas por Lucia Campos Pellanda e Isabel Cristina Britto Guimarães. As médicas defenderam a importância de trabalhar alimentação saudável e prática de exercícios físicos, especialmente no ambiente escolar.

As questões relacionadas ao sono foram trazidas em um debate com participação de Magda Lahorgue Nunes, Renato Santos Coelho e Magali Santos Lumertz.

"Inevitavelmente o sono é uma área sensível e não teria como não piorar nesse cenário que estamos vivendo. O sono é um ato fisiológico e o pediatra precisa conhecer os padrões de normalidade. Um bebê recém-nascido tem um ritmo de sono que vai mudando. É quando o relógio biológico começa a amadurecer. Ou seja, é diferente de um bebê de um ano ou de uma criança em idade escolar que já terá um perfil mais parecido com o adulto", declarou Renato Santos Coelho.
 

Alimentação

A doença do refluxo gastroesofágico, bastante comum nos consultórios e clínicas médicas, foi o tema apresentado pela médica gastropediatra, Cristina Helena Targa Ferreira.

"Choro e irritabilidade das crianças são muito comuns. Nas crianças maiores é mais comum fazer endoscopia, na qual podem ser encontradas quatro situações: erosões; anéis, estrias e edema; um resultado normal ou diagnótico de alguma outra doença a ser tratada de forma diferenciada", disse.

O painel contou com participação, também, de Elisa de Carvalho, que chamou a atenção para a necessidade de controlar a doença para evitar complicações mais sérias. Ivo Roberto Dorneles Prolla destacou a necessidade de atentar para o risco de morte súbita na posição do bebê que dorme de barriga para cima.

Casos de repercussões em relação à alergia à proteína do leite de vaca foram apresentados pela médica Elisa de Carvalho, no Simpósio Satélite Danone, destacando estudos clínicos globais que apresentam as dificuldades dos menores com essa condição, como perda da qualidade de vida, impactos sociais e principalmente na questão nutricional.

Esclarecendo dúvidas, mitos e trazendo as recomendações corretas, um dos painéis do dia abordou as indicações e controvérsias em relação ao Ferro e a Vitamina D. Em relação ao Ferro, a pediatra Liane Esteves Daudt destacou que é preciso observar fatores como políticas públicas, áreas com maior anemia ferropriva e principalmente idades críticas para ter uma atenção maior.

“Nos dois primeiros anos é quando temos a maior demanda de ferro, e é fundamental observar questões de risco como prematuridade, deficiência no crescimento, perda de peso e outras. Não existe uma faixa etária específica para cuidar melhor sobre anemia ferropriva, porém, têm algumas idades críticas como o caso do final do primeiro ano e o começo do segundo, além da adolescência que é algo não se fala muito, mas é quando o sujeito carece de um maior cuidado em relação a isso, porém é preciso observar caso a caso, olhando o sujeito como um tudo”, detalha.

Na sequência, a mediadora, Margareth Salerno, deu a palavra à Ana Paula Moschione Castro que ressaltou a importância de não dar uma sobrecarga de Vitamina D aos pequenos. A recomendação aos pediatras é que é necessário tomar sol por 15 minutos quando o astro estiver mais perpendicular, gerando uma controvérsia com os cuidados dermatológicos em relação ao câncer de pele, e por isso precisando de uma atenção específica quanto a esses detalhes.

As novidades em relação ao leite de cabra e detalhes sobre fórmulas infantis estiveram presentes no Simpósio Satélite Ausnutria. O pediatra Ary Lopes Cardoso enfatizou a importância do leite materno e os caminhos nutricionais que devem ser seguidos no caso de uma necessidade específica do lactente. Ele destacou as características e ganhos com determinadas fórmulas nutricionais, indicações de tipos de produtos e a recomendação de acompanhar seus ganhos em nutrientes.

"É sempre importante destacar que, independente de ter preferência por um ou outro item, devemos recomendar sempre que o melhor para o lactente é o leite materno, sem dúvida", ressalta.

Sobre o leite de cabra, foi destacado sua grande qualidade proteica, sendo um substituto importante para o leite de vaca, com propriedades superiores e maior semelhança com o leite humano tratando-se da digestão.

O debate das fórmulas infantis e complementos/suplementos também integrou a programação do primeiro dia do Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria. O painel teve moderação de Vanessa Adriana Scheeffer, que traçou um panorama sobre o assunto reforçando a orientação de que o leite de vaca não seja consumido antes dos 12 meses de vida, e de que fórmulas infantis sejam usadas até doze meses na ausência de leite materno.

Para a pediatra Elza Mello, infelizmente o consumo do leite de vaca antes do período determinado é frequente, ressaltando que a alimentação pode ser vista até mesmo como algo mais eficaz do que um medicamento, pelo fator de prevenção para uma série de problemas. A palestrante salientou que a primeira dica é que o pediatra conheça muito bem todas as opções de fórmulas infantis oferecidas no mercado.

"Do ponto de vista de segurança, todas podem ser fornecidas, mas há opcionais e diferenciais em cada um. Assim o médico vai individualizar a prescrição", disse.

Carlos Alberto Nogueira de Almeida chamou a atenção para a importância de estabelecer uma nomenclatura adequada, uma vez que são oferecidas muitas vezes no comércio composições que não são específicas para bebês.

A programação trouxe ainda o debate de dificuldades alimentares com participação de José Vicente Noronha Spolidoro, Patrícia Barcellos Diniz e Mauro Fisberg.

 

XII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2020 SPRS
XII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2020 SPRS
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Pneumonia, Vacinas e Urgências

Como se deve tratar quadros de pneumonia foi a abordagem trazida pelos pneumologistas Gilberto Bueno Fischer e Joaquim Carlos Rodrigues, com mediação de Paulo José Cauduro Maróstica.

“Depois do tempo de tratamento com penicilina, podemos fazer uma análise: muita atenção para semiologia de derrame pleural, vale a pena fazer uma nova radiografia ou uma ultrassonografia de tórax para detectar derrame pleural parapneumônico”, comentou Rodrigues.

Vacinas meningocócicas e seus impactos na vida real foram abordadas por Jessé Alves.

O manejo da dor foi o tema do painel conduzido por João Ronaldo Mafalda Krauzer com a participação de Mariana Bohns Michalowski e Débora de Oliveira Cumino. As dores e seus significados foram exemplificadas pelos especialistas considerando níveis diferentes e até mesmo contextos que impactam o paciente de forma diferente. O crescimento dos tratamentos não farmacológicos foi destacado pelos participantes com a intenção de reduzir a ansiedade, em momentos pré-operatório.

A bronquiolite foi debatida por Sérgio Luis Amantéa, Paulo Augusto Moreira Camargos e Paulo Márcio Condessa Pitrez.

As questões de emergência foram trazidas ao final do dia e início da noite com um painel dedicado à Sepse e a importância da “Golden Hour” com apresentações de Patrícia Miranda do Lago, Cristian Tedesco Tonial e Adriana Becker. Ao final, a temática da Infecção do trato urinário (ITU) em crianças foi trazida por Vandrea Carla de Souza, Clotilde Druck Garcia e Denise Marques Mota.


Icterícia

O tratamento da icterícia neonatal foi tema de painel com a moderação de Paulo Nader e participação das médicas Mariana Gonzálvez de Oliveira e Rita de Cássia Silveira.

"A ideia é trabalhar na prevenção. Vimos um amento dos retornos às emergências principalmente com aquele prematuro nascido entre 34 e 35 semanas. Geralmente a causa dessa icterícia não é só uma imaturidade, mas está também relacionada ao baixo aporte no aleitamento materno", alertou.


Sábado

A programação do evento segue no sábado (19/09) com palestras a partir das 8h. Entre as atrações estão temáticas como otites de repetição, imunidade na infância, vacinas, tuberculose e o encerramento previsto para as 14h. A programação completa pode ser conferida no site www.gauchopediatria.com.br.
 

 

Redação: Marcelo Matusiak e Giovanni Andrade
PlayPress Assessoria de Imprensa

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