O segundo dia do XI Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria retomou as discussões da especialidade, com destaque para a conferência sobre a febre amarela e dicas sobre alterações no teste do pezinho. O evento, promovido pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), ocorre até sábado (19/05), no Centro de Eventos da PUCRS, com a presença de mais de mil especialistas gaúchos.
De acordo com a chefe da unidade de Infectologia do Instituto da Criança do Hospital de Clínicas de São Paulo e membro dos departamentos científicos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Heloísa Helena Marques, entre junho de 2017 até o presente momento, o país teve 1,2 mil casos notificados de febre amarela. O índice de mortalidade da doença nesse período foi de 30%. No entanto, diante do cenário de surto, alguns recursos terapêuticos avançaram.
- O problema da febre amarela grave ou maligna é que não tem tratamento, o que nos cabe é manter o paciente em terapias intensivas, com diálise, respirador e transfusão de sangue, mas mesmo assim as perdas são grandes. Porém, está sendo testada uma nova droga antiviral, com uma projeção de resultado promissor - destacou Helena.
A prevenção, portanto, é a melhor forma de evitar o adoecimento, com uma recomendação de imunização pela vacina, mesmo para quem não reside em áreas de risco. No entanto, a recomendação para aplicação em bebês é a partir de nove meses, pois a capacidade de resposta é maior. Outras formas de precaver a patologia é evitar a exposição das crianças em ambientes que se têm a conhecimento de casos. As mães em período de amamentação também devem estar atentas, mesmo quando imunizadas. Como mais de 50% dos casos são assintomáticos, a atenção aos primeiros sinais de manifestação da febre amarela é essencial.
- A doença tem como característica uma evolução bifásica. Começa por um quadro febril, quase gripal, desaparece e a pessoa passa relativamente bem por um ou dois dias. Em seguida, volta o quadro de forma toxêmica de casos que vão evoluir de forma moderada a grave. O achado do diagnóstico é o antecedente epidemiológico, de onde a pessoa esteve nos últimos dez dias. Essa informação deve ser sempre considerada pelo especialista na consulta - complementou Heloísa Helena Marques.
Já com relação à fibrose cística, o chefe da Unidade de Pneumologia Infantil do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Paulo José Cauduro Marostica, relatou que o teste de triagem neonatal, instituído no Rio Grande do Sul de forma obrigatória no serviço público de saúde desde 2012, tem garantido qualidade de vida às crianças que nascem no estado. No passado, frequentemente elas morriam de baixo sódio no sangue, pois o perdiam no suor.
- Atualmente, o diagnóstico precoce possibilita uma orientação adequada de reposição de sal na dieta desde cedo. Além disso, as infecções pulmonares frequentes podem ser suspeitadas e tratadas adequadamente, assim como a desnutrição por perda de gordura nas fezes - explicou Marostica.
De acordo com o pediatra, a incidência da fibrose cística no estado é de um caso a cada 7,5 mil crianças nascidas vivas, cujos pacientes iniciam de forma imediata o tratamento. Embora a doença seja fatal, a taxa de sobrevida mediana está por volta dos 40 anos. Segundo Marostica, o índice melhorou muito desde a descrição da doença na década de 30 do século passado, quando a criança vivia em média por dois anos.
O segundo dia do evento contou, ainda, com dicas práticas sobre indicações de leites especiais no primeiro ano de vida e uma conferência sobre o manejamento das reações alérgicas no consultório. O uso de antimicrobianos em otites e pneumonias, de imunoestimulantes orais na prevenção de infecções respiratórias e de ômega 3 no desenvolvimento também foram contemplados na programação do turno da manhã. O painel sobre o efeito do uso da maconha retomou as atividades após o almoço, seguido por uma conferência especial com a médica Karina Oliani, reconhecida por ser praticante de atividades que envolvem aventura e adrenalina, e por um simpósio sobre alergias alimentares. Paralelamente, ocorreram discussões na sala destinada ao Conversa com o Especialista.
A programação segue no sábado (19/05), último dia do evento. No turno da manhã estão previstas quatro atividades: dicas práticas sobre avaliação de trauma crânio-encefálico; debate sobre o uso do hormônio do crescimento, conferência a respeito do manejo ambulatorial de paciente clinicamente complexo e painel sobre choque séptico. À tarde, o painel sobre atualização no atendimento em sala de parto; dicas sobre febre sem sinais localizatórios e o debate sobre a importância de probióticos na prática clínica encerram o XI Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria.
Redação: Francine Malessa
Coordenação: Marcelo Matusiak
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Fotos: Francine Malessa, Marcos Silva Matte e Torch Coberturas Fotográficas
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