São pelo menos três mil casos, por ano, de crianças desaparecidas no Brasil. O tema foi debatido por autoridades públicas e da área médica em um evento realizado na manhã de sexta-feira (06/04), no auditório do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers). A pediatra Liane Brentano Brackmann Neto representou a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), chamando a atenção para importância do engajamento de todas as partes na sociedade.
- Temos, como um dos pilares, o combate a violência infantil no âmbito nacional e nas regionais. O tema está presente em congressos e palestras. Além disso fortalecemos o engajamento dos médicos no atendimento diário de seus pacientes atentos aos sinais que as crianças e seus acompanhantes transmitem. Em cada criança que atendemos, procuramos ter um olhar atento a essa questão – disse.
A pediatra também anunciou que a campanha institucional desse ano, promovida pela SPRS, vai abordar o tema da violência contra a criança. Em anos anteriores, foram trazidos temas como álcool na adolescência e obesidade infantil.
A abertura do encontro contou com a participação do secretário geral do Conselho Federal de Medicina, Henrique Batista e Silva e do presidente do Cremers, Fernando Weber Matos. Após, o representante da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, apresentou o problema e trouxe números de desaparecimentos.
Em um relato emocionado, Inanise Esperidião, falou sobre o desaparecimento da filha, há 22 anos, e da dor e sofrimento constante.
- Quando enterramos um filho, vivemos um luto real, mas quando ele desaparece é muito pior. O mais doloroso é conviver com o descaso e abandono do poder público e da sociedade - relatou a representante da ONG Mães da Sé.
O evento contou ainda com a visão do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca) da Polícia Civil do Rio Grande do Sul e do Ministério Público do Estado.
Aproximadamente um terço do total das vítimas de tráfico de pessoas no mundo são meninos e meninas. Os dados são do Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas de 2016, lançado em dezembro do ano passado pelo escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). O documento mostra a prevalência em mulheres e meninas que correspondem a 71% dos casos. Entre as formas de exploração, entre os casos detectados na América do Sul, (dados de 2014), a maioria é para tráfico para exploração sexual (57%); seguido de tráfico para trabalho forçado (29%) e tráfico para outros propósitos (14%).
Como evitar um desaparecimento:
- Desde cedo, ensine a criança nome completo e o telefone dos responsáveis.
- Faça, o quanto antes, a carteira de identidade de sua criança.
- Oriente a criança a não dar informações a qualquer estranho que se aproxime.
- Ensine o menor a não aceitar alimento, falar ou sair com estranhos ou pessoas não autorizadas.
- Converse com o seu filho, procure conhecer os amigos dele e saber com quem fala.
- Fique atento ao que a criança faz na internet.
- Não deixe uma criança pequena brincar na rua sem a supervisão de um adulto.
- Esteja sempre presente na vida de seu filho ou filha.
Como proceder caso ocorra:
- Denuncie imediatamente o desaparecimento à polícia e fala o Boletim de Ocorrência.
- Divulgue, o mais rápido possível, uma foto recente às redes sociais, televisões e jornais.
- Procure o Conselho Tutelar de sua cidade.
- Disque 100. A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas.
Por Lei, a busca começa logo após a denúncia. Não espere 48 horas para procurar seu filho. Essas primeiras horas são essenciais para investigação. A Lei Federal número 11.259/ 2005 prevê a busca imediata pela criança a partir da ocorrência policial.
Redação e fotos: Marcelo Matusiak
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