O tema está mais presente nos consultórios médicos e ainda é repleto de dúvidas, anseios e inquietações. Atualmente o transtorno de identidade de gênero passou a ser chamado de disforia de gênero, que se caracteriza pela incongruência, desconforto persistente e sofrimento com o sexo imposto no nascimento. Entre as características está a forte vontade de pertencer ao outro gênero e ser tratado como tal. Estudos comprovam que os jovens enfrentam discriminação e preconceito. Mais da metade sofre bullying, transtorno de humor, transtornos alimentares e não são raros casos de automutilação.
- É importante ser feito um trabalho de identificação com o sexo de nascimento, mas sem diminuir ou desvalorizar o sexo oposto. A partir da evolução do quadro, é obrigatório que seja feito um trabalho com uma equipe multidisciplinar afastando fatores estressores do paciente - afirma o médico do Comitê de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do RS, Renato Santos Coelho.
O diagnóstico é construído com o passar do tempo. Quanto mais idade tiver, maior será o conflito entre o que a criança sente e o como ela se enxerga. Trata-se de algo que não acontece da noite para o dia.
- Quando se chega a uma idade que esse sofrimento ocorre é importante atuar de forma eficaz com os pais para avaliar se é algo que persistirá ou se será uma passageiro. Pode evoluir para um quadro de homoafetividade, mas não uma disforia onde ela vai continuadamente brigar com o que ela é fisicamente - completa.
A orientação é ajudar a criança a se aceitar como nasceu. Se a disforia chegar a fase de pós-adolescência, é possível evoluir o tratamento para etapas seguintes que é o tratamento hormonal para bloquear as características sexuais do sexo indesejado e, se persistir, é dado encaminhamento para a última etapa que é a cirurgia.
O psiquiatra e pediatra, Victor Mardini, entende que é preciso estímulo para que ela tenha atividades relacionadas ao gênero de nascimento, mas sem exageros.
- Não é porque um menino pegou uma boneca que alguém vai dizer um monte de coisas. É preciso respeitar, mas estimular o lado de atividades de comportamentos relacionados com o sexo anatômico da criança - explica.
O médico reforça que o diálogo para tudo é fundamental. Estar aberto a conversa é o melhor caminho. É preciso lembrar que comportamentos, as vezes desviantes, durante a infância e adolescência são comuns. Para se pensar em disforia, um dos critérios é observar se há uma insatisfação clara com o gênero que se apresenta e uma incongruência por um período superior a 6 meses. Em alguns casos, é recomendada, ainda, uma consulta só dos pais com o pediatra, já que muitas vezes eles sentem-se mais à vontade de dizer o que pensam sem a presença da criança ou adolescente no consultório.
Redação e fotos: Marcelo Matusiak
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