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Avanços na identificação e tratamento do câncer infanto-juvenil representam 80% de cura


A taxa de cura do câncer infanto-juvenil, que abrange pessoas de 1 a 19 anos, passou de 5% a 10% na década de 60 para 80% de acordo com índices atuais apontados por centros de referência mundiais. No Brasil, onde a patologia já representa a maior causa de morte por doença dentro da faixa etária indicada anteriormente, as estatísticas são semelhantes, porém, ligeiramente inferiores. No dia 4 de fevereiro, celebrou-se o Dia Mundial do Câncer, que tem a enfermidade como tema da campanha do Instituto Nacional de Câncer neste ano.

oncologia infanto-juvenil SPRS 2017

A melhora deste cenário deve-se, principalmente, ao avanço da cura das leucemias linfoides agudas da infância, conforme aponta a coordenadora do Comitê de Oncologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Mariana Bohns Michalowski.

- Esta é a neoplasia mais frequente e conseguimos curar a maior parte das crianças. Além disso, boa parte deste contexto positivo deve-se à ampla divulgação dos sintomas, pois a identificação precoce aumenta diretamente as taxas de cura - comenta a oncologista pediátrica.

As inovações e tecnologias também impactaram no aumento de sobrevida, como destaca o chefe do Serviço de Oncologia e Hematologia Pediátrica do Hospital da Criança Santo Antônio e associado da SPRS, Cláudio Galvão de Castro Júnior.

- Temos alguns pontos a destacar. O primeiro é o cuidado geral com o paciente. Quando realizado por equipes especializadas efetivamente se aumenta a chance de cura. Dentro deste fator destaca-se também a qualidade dos materiais utilizados no dia a dia para curativos, os cateteres de melhor qualidade e até mesmo os medicamentos usuais - explica Galvão.

Os outros dois pontos indicados pelo médico são o progresso exponencial do diagnóstico e as novas drogas e tratamentos com radioterapia. De acordo com ele, novas tecnologias e conhecimentos de biologia permitem classificar grupos de pacientes. Além disso, as novas técnicas de sequenciamento de tumores estão indicando os melhores alvos moleculares, e a sensibilidade à quimioterapia já pode ser medida.

- Temos novos medicamentos chegando para o tratamento de leucemias linfoides agudas, como o blinatumomabe. Drogas já usadas em adultos para outras doenças também estão sendo testadas em crianças e adolescentes. Enquanto isto, novos equipamentos de radioterapia permitem precisão jamais imaginada anteriormente, além de garantir um número menor de efeitos colaterais - complementa o associado da SPRS.

Com um cenário estimulante e desafiador, os médicos apontam problemas e soluções em todas as áreas. Além da melhora do diagnóstico precoce, é preciso também simplificar o acesso dos pacientes aos centros de tratamento. A oncologia e a hematologia pediátricas já se organizaram, porém, a falta de leitos ocorre ainda em algumas regiões do país, principalmente na Região Norte.

- Novos agentes quimioterápicos e outras formas de tratamento guiado a um alvo terapêutico específico melhoraram o prognóstico. Porém, além de melhorar as taxas de cura, precisamos também aprimorar a qualidade de vida pós-tratamento das crianças - afirma Mariana Michalowski.

Já Galvão frisa que os limites permanecerão e se tornarão cada vez mais complexos, pois as doenças que ainda não são curadas atualmente apresentam biologia intrincada, dificultando o seu tratamento.

- O mais bonito é que, a despeito de toda a tecnologia, a base fundamental continua a ser uma medicina humanizada, com cuidados multidisciplinares e uma boa história clínica - finaliza o médico.

A falta de medicamentos e o percentual de pacientes que ainda não é tratado por especialistas justificam as baixas taxas de avanço no tratamento e cura da doença quando comparado às estatísticas mundiais. Para 2017, o INCA prevê 12.600 casos de câncer infanto-juvenil no país.

Redação: Francine Malessa
PlayPress Assessoria de Imprensa
Foto: iStock/Getty Images

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