Cerca de 120 mil óbitos infantis foram registrados entre 2010 e 2012 no Brasil. Desta estatística, 69,3% (82.334 mil) correspondem à morte neonatal. Com o objetivo de qualificar a assistência das Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal (UTINs) do Estado, a Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) promovem na sexta-feira (26/08) um curso de atualização e no sábado (27/08), um treinamento de reanimação neonatal. A formação voltada à segurança do paciente na unidade neonatal e ao uso de antibióticos, deve reunir cerca de 80 médicos, que atuam em 46 UTIs em todo o Estado, no auditório da SPRS, em Porto Alegre.
- Poder reunir médicos de todo o Estado é uma oportunidade única para nos atualizarmos e prepararmos nossos profissionais para um atendimento qualificado e preventivo dentro das UTINs - declarou a presidente da SPRS, Cristina Targa, durante a abertura do curso.
Representando o secretário estadual de Saúde, João Gabbardo dos Reis, Eleonora Walcher reforçou a importância da parceria entre a SPRS e a SES, proporcionando um momento de atualização para os profissionais da saúde.
- Além de trocar experiências, este momento também apresenta a oportunidade de discutirmos as dificuldades que enfrentamos nas unidades neonatais do Rio Grande do Sul - comentou Eleonora.
Presidente da SPRS, Cristina Targa Ferreira |
Curso e treinamento devem reunir cerca de 80 médicos de todo o Estado |
A organizadora do evento, doutora Celia Maria Boff de Magalhães também destacou a troca de conhecimento e experiências entre os profissionais.
- Podemos chamar as UTINs do Estado trazendo um aspecto científico, possibilitando, ainda, a discussão das particularidades que cada unidade possui. Trocar experiência é muito importante - destacou Celia.
A associada da SPRS, chefe do serviço de neonatologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e professora do departamento de pediatria da UFRGS, Rita de Cássia Silveira, deu início à formação, apresentando dois casos clínicos sobre a sepse neonatal que tem uma elevada mortalidade e morbidade.
A professora da Unicamp e consultora do Ministério da Saúde, Roseli Kalil, deu seguimento ao tema com a sua palestra.
- Quando não tratada, a sepse apresenta 50% de probabilidade de mortalidade. Ainda como consequência podemos ter um exagero no diagnóstico e um tratamento abusivo de antibióticos.Para quebrar este ciclo, é necessária a prevenção, que pode ajudar a detectar a infecção através de boas práticas como diagnóstico objetivo e tratamento - explica Roseli.
Ainda segundo a professora, entre as 118.709 mil mortes infantis registradas nos dois anos, a sepse bacteriana do recém-nascido, pneumonia congênita e onfalite representam 12,8% dos óbitos ocorridos.A infecção, também, pode ter origem materna. Neste caso, entre 60% e 80% das crianças apresenta nas primeiras 24 horas, e os fatores de risco podem estar presentes ou não ser detectados.
Médica Roseli Kalil falou sobre segurança e tratamento de infecções | Neonatologista Rita de Cássia Silveira |
Roseli também explanou sobre a segurança de pacientes dentro das UTIs neonatais. De acordo com a médica, muitos agravos decorrem de complicações por erros dentro do processo de trabalho, como a incorreta administração de medicamentos e uso inadequado de equipamentos para monitoria.
- Como estes erros ocorrem no mundo todo, a Organização Mundial da Saúde vem, desde 2004, trabalhando com estratégias para a redução de agravos da saúde recorrentes de práticas inseguras. Para isto, precisamos mudar a forma de pensar de todos os profissionais - comenta Roseli.
Entre as estratégias a serem adotadas na forma de trabalhar estão a correta identificação do paciente; melhoria da comunicação entre os profissionais; boas práticas em cirurgias e prevenção de quedas.
Ainda na sexta-feira palestrou sobre a situação atual da mortalidade infantil no Estado, o médico Érico Faustini. Já o coordenador da RGN, Manoel Ribeiro, promoveu uma reunião com pesquisadores. No sábado, ocorre o treinamento de reanimação neonatal, que será ministrado pelos médicos e associados da SPRS, Marcelo Porto, Silvio Batista e o presidente do Comitê de Neonatologia, Carlos Humberto Bianchi.
Redação e fotos: Francine Malessa
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