Assunto foi debatido durante o segundo dia de palestras do VII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria, que segue até este sábado (17/05), na PUCRS.
Obesidade, má alimentação e desnutrição são os principais problemas do presente e do futuro das crianças. O assunto esteve em quase todas as palestras do segundo dia do VII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria. De acordo com a pediatra catarinense, Maria Marlene de Souza Pires, a alimentação dos pequenos está desregulada, com redução de consumo de arroz, feijão, frutas e verduras, com o aumento na ingestão de produtos ultraprocessados.
- Eu olho para os alimentos oferecidos para as crianças menores de seis meses e é assustador. Os pequenos ingerem desde macarrão instantâneo até suco artificial. Claro que é mais fácil de preparar, mas essa alimentação é muito ruim para o desenvolvimento dessa criança - afirmou Maria Marlene de Souza Pires.
Dados apresentados pela pediatra mostram o aumento do leite de vaca na dieta das crianças, substituindo o leite materno. Levantamento das capitais brasileiras destacam média de aleitamento materno durante os dois primeiros anos de vida do bebê, enquanto o correto deveria ser chegar aos dois anos de idade. Ela ainda ressaltou que crianças obesas passam fome oculta, pois não consomem os nutrientes adequados.
Uma das principais atrações do segundo dia do VII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria foram as apresentações da médica norte-americana, Anna Nowak-Wegrzyn. A médica é uma das principais autoridades mundiais em alergia alimentar. Em uma de suas aulas, abordou o tema da Epidemia da Alergia e a influência dos diferentes tipos de dietas em países.
O tratamento correto para resfriados
Médico associado da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Maurício Schreiner Miura destacou, durante palestra do evento, os principais erros dos pediatras no tratamento de resfriados em crianças pequenas. Segundo o infectologista, o uso de anti-histamínicos, descongestionantes e antibióticos para esse público deve ser evitado ao máximo.
- Muitos pais querem uma solução imediata quando chegam ao consultório. E nós precisamos entender essa situação. Porém, o uso desses medicamentos não acelera o tratamento, diferente do que muitas pessoas acreditam. Isso já está sendo comprovado. Muitas crianças, inclusive, apresentam reações adversas aos anti-histamínicos - garantiu Maurício Schreiner Miura.
Crianças pequenas que utilizam o descongestionante podem apresentar agitação extrema, sudorese e vômito. Evidências norte-americanas mostram que, em 2008, 66% dos casos de problemas com superdosagem de medicação foram causados pelo excesso de descongestionantes orais. Devido ao uso sem orientação, o país proibiu o uso para menores de quatro anos.
Para o pediatra, o melhor tratamento do resfriado é a observação, limpando o nariz da criança e oferecendo muito líquido. Em no máximo sete dias, os sintomas podem desaparecer. Caso contrário, o médico poderá recomendar algum medicamento.
Outros destaques do dia
O médico infectologista da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Juarez Cunha, palestrou sobre o calendário de vacinação de acordo com o Ministério da Saúde. Ele destacou a importância de seguir as campanhas de vacinação e sempre deixar a carteira infantil de vacinação completa.
- Alguns pediatras vieram com dúvidas, pois o calendário de vacinação do Ministério da Saúde passou por algumas alterações. Temos um dos calendários mais completos do mundo, com aplicação gratuita na rede pública de saúde - relatou Juarez Cunha.
Uma das doenças da atualidade de maior preocupação é a dengue para a qual ainda permanecem sendo feitos estudos para desenvolvimento de vacinas. O médico pediatra do Rio de Janeiro, Sérgio D´Abreu Gama, ressalta que estudos recentes mostraram a Disfunção Cardíaca como a principal causa de óbito nos pacientes, diferente do que se pensava no passado.
Outra novidade ainda em discussão é o uso do Screening Reverso. A médica Andréa Maciel de Oliveira Rossoni, do Hospital de Clínicas de Curitiba (PR), comenta que o uso da tecnologia ajudou a identificar em um universo de 1.545 gestantes, 39 casos de Sífilis na gestação ou parto, o que representou praticamente o dobro da média diagnosticada até então. O número de falsos positivos foi de 4%, considerado baixo. O desafio é que a técnica trouxe uma elevação de custos em aproximadamente R$ 120 mil nos 24 casos que foram tratados e por isso a introdução da tecnologia precisa ser avaliada para melhor compreensão da relação custo-benefício já que o diagnóstico pode ser feito também através de outras metodologias.
O VII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria segue até este sábado (17/05) no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre. Informações adicionais podem ser obtidas pelo site www.gauchopediatria.com.br.
Redação: Mariana da Rosa
Fotos: Marcelo Matusiak
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