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Crianças com enxaqueca podem apresentar déficits de atenção visual, aponta pesquisa

Durante o XXVI Congresso Brasileiro de Cefaleia, que aconteceu nos dia 13 a 15 de setembro, o estudo “Atenção visual em crianças com migrânea: a importância da profilaxia”, premiado como melhor estudo apresentado no Congresso, mostrou que as crianças com enxaqueca não tratada têm problemas de atenção visual. A neurologista autora do estudo e também responsável pelo Comitê das Cefaleias na Infância da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Dra. Thaís Rodrigues Villa, afirma que “crianças com enxaqueca não tratadas, em comparação com aquelas que estão em tratamento e crianças que não têm a doença, apresentam um desempenho significativamente pior em testes de atenção visual, especialmente no que diz respeito à atenção seletiva e alternada.”

Cerca de 10% das crianças sofrem com enxaqueca, principalmente na idade escolar, entre os 6 e 12 anos. Na adolescência a prevalência aumenta, principalmente entre as meninas que estão no período de início da menstruação, um dos fatores que desencadeiam as crises. O estudo foi realizado com três grupos, sendo que primeiro analisado foram crianças com enxaqueca recém diagnosticada, outro com crianças em tratamento com medicação preventiva para enxaqueca e o último eram crianças sem qualquer episódio de cefaleia anteriormente.

Como resultado, as crianças diagnosticadas com enxaqueca em tratamento tiveram seu desempenho igual ao das que nunca tiveram cefaleia. No entanto, as crianças com enxaqueca ainda sem tratamento preventivo apresentaram déficit de atenção seletiva, que é a habilidade de focar a atenção em um estímulo, ignorando outros não relevantes, e de atenção alternada, caracterizada pela capacidade de mudar o foco de atenção sem prejudicar a realização das tarefas. A pesquisa mostrou a importância do diagnóstico e tratamento precoce das crianças com enxaqueca, observando que o tratamento preventivo pode, além de controlar a enxaqueca, ter um impacto positivo na atenção dessas crianças.

De acordo com a Dra. Thaís Villa, membro e responsável pelo Comitê de Cefaleias na Infância da Sociedade Brasileira de Cefaleia, “o déficit de atenção causa prejuízos na memória e afeta todas as atividades da criança, já que a atenção é muito importante para processar e armazenar as informações recebidas.” Aproximadamente 1,6 milhões de crianças brasileiras sofrem de enxaqueca e 163 mil de enxaqueca crônica no Brasil. Contudo, a dificuldade no diagnóstico de cefaleia na infância está na descrição pouco detalhada das crianças sobre os sintomas da dor, já que a intensidade, frequência, reação à luz e barulho, presença de náuseas e vômitos, e idade de início das crises são fundamentais para o diagnóstico do neurologista.

Sobre o XXVI Congresso Brasileiro de Cefaleia

A Sociedade Brasileira de Cefaleia promoveu, entre os dias 13 a 15 de setembro, o XXVI Congresso Brasileiro de Cefaleia no Rio de Janeiro. O evento reuniu neurologistas, médicos de outras especialidades, profissionais da área da saúde, estudantes e residentes de Medicina para debater os novos conceitos no tratamento da cefaleia por meio da apresentação de pesquisas desenvolvidas na área.

Durante a 26ª edição do Congresso Brasileiro de Cefaleia aconteceram palestras, cursos, conferências e apresentações de trabalhos científicos com o objetivo de atualizar os profissionais e estudantes da área da saúde e debater os novos conceitos no tratamento da doença. Neste ano, o uso excessivo de medicamentos para diagnósticos de migrânea crônica e cefaleia, mecanismo da dependência a analgésicos, como minimizar os efeitos adversos das medicações utilizadas no tratamento preventivo, as verdades e os mitos sobre a doença foram alguns dos temas abordados por especialistas nacionais e internacionais

O levantamento e a discussão de temas relacionados às manifestações da cefaleia permite que os médicos, estudantes e profissionais da área da saúde estejam aptos a mudar a rotina no tratamento dos diferentes tipos da doença. Na prática médica, a cefaleia é uma das queixas mais frequentes. Dessa forma, os pacientes precisam de atendimento com escuta ampliada para que tenham um tratamento adequado e melhora na qualidade de vida.

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