Artigo de opinião do presidente da SPRS
O outubro é rosa, mas também é o mês do médico e da criança. Como pediatra, médico da criança, compartilho preocupação com o momento que vivemos. No campo da saúde estamos à sombra de doenças quase erradicadas como a poliomielite e o sarampo. Registramos coberturas vacinais muito abaixo do desejado, para um país detentor de um Programa Nacional de Imunização modelo. Independentemente das causas, como pediatras, atestamos certa impotência por termos sido afastado das equipes de atenção primária à saúde. Uma política pública que tem permeado todo nosso território nacional. Política na saúde, pode não significar política de saúde, mas vamos em frente, reivindicando que o médico da criança volte a trabalhar com promoção de saúde, principalmente nas populações mais carentes.
No campo da assistência, somos bombardeados com a falácia que há carência de pediatras no mercado. Interessante, que até o momento, não conseguimos constatar em números essa informação. A Pediatria se constitui numa das áreas com maior número de ingressantes em Programas de Residência Médica dentro do país. No nosso estado, estimamos possuir cerca de 4.000 pediatras. Segundo a pirâmide etária do RS, as crianças representam um pouco mais de 15% da população, isto é, algo em torno de 1.700.000 crianças. Tal dado resulta numa razão de 2,35 pediatras para cada 1.000 crianças abaixo de 12 anos de idade. Número considerado adequado, mesmo para países desenvolvidos. Faltam pediatras onde as condições de trabalho não são apropriadas ou a remuneração não condizente à função. A transferência da responsabilidade, cria um falso cenário de impotência daqueles que fazem gestão de saúde em alguns serviços públicos ou privados.
Por fim, não há como deixar de referir o cenário de intolerância que estamos inseridos, que transcende os limites da política e invade o cotidiano de todos. Um modelo inadequado para aqueles que estão em desenvolvimento. Aqueles que buscam exemplos na família, na escola e na sociedade para estruturarem traços comportamentais e sociais. A pandemia trouxe o legado da dúvida, do descrédito à ciência e do oportunismo individual. Nossa sociedade ainda se recente das mazelas deste passado recente. Portanto, para aqueles que são pediatras, que acreditam que o mês da criança seja o mês do direito a sua proteção, e estão alinhados a recente campanha da Sociedade Brasileira de Pediatria (#DireitoÀProteção), o cenário é preocupante, mas não deixamos de seguir em frente em busca de um futuro melhor!
Sérgio Luis Amantéa
Presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul
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