A baixa cobertura vacinal em crianças já preocupava antes mesmo da epidemia da COVID-19, e agora o temor é de que haja uma piora ainda mais significativa. Os números nos últimos anos mostram uma queda preocupante apesar dos esforços que a sociedade científica e o Ministério da Saúde vêm fazendo para conscientização. Entre os fatores que alguns estudos apontaram para essa baixa procura por vacinas estão medo das reações, receio de efeitos adversos, propagação de fake news e desinformação, entre outros.
"Há um receio da sociedade em ir até os postos, porém o que estamos estimulando é manter a vacinação de rotina. O esforço deve ser máximo para manter a rotina de vacinação. Entre as ideias que estamos sugerindo estão a aplicação em ambientes diferentes e em horários alternativos, além dos protocolos todos de segurança. São modelos que precisam ser avaliados pelos gestores municipais e que poderão ser seguidos de acordo com a realidade de cada um", afirma o membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Juarez Cunha.
A importância de manter as vacinas em dia é fundamental porque as outras doenças todas continuam acontecendo. Há surtos de sarampo em determinadas regiões do país. Para muitas outras doenças, o número de casos foi drasticamente reduzido ou zerado graças a imunização.
"Se descuidarmos, teremos o risco não só da COVID-19, mas do retorno de outras doenças contra as quais a gente já tem a possibilidade de prevenção", finaliza.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) posicionaram-se a favor da manutenção do calendário vacinal de adolescentes e crianças, em função do risco à saúde decorrente da situação epidemiológica atual do sarampo, febre amarela e coqueluche no país. Em documento divulgado pelas duas entidades, são sugeridas várias condutas para resguardar a proteção das crianças, adolescentes e grupos de risco, e manter o calendário vacinal atualizado.
As sugestões incluem ações como a utilização de unidades de saúde mais próximas da residência; aplicação de estratégias de distanciamento; utilização de escolas, clubes e outros locais atualmente ociosos; horários diferenciados para crianças e adolescentes; opção de vacinação domiciliar; a prática do distanciamento nas clínicas privadas; e orientação para não comparecimento de qualquer pessoa com sintomas respiratórios ou febre nos centros de vacinação, como forma de diminuir a disseminação da doença.
Redação e foto: Marcelo Matusiak
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