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Ausência de pediatras nas unidades básicas de saúde: o barato que sai caro


Artigo de Opinião
Sérgio Amantéa, presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul

Sergio Luis Amantéa SPRS Nos últimos anos temos visto as prefeituras, principalmente fora do eixo da capital, referirem dificuldade para preencherem seus postos de trabalho com pediatras. Isto é um fato real, e tem relação direta com os valores de remuneração oferecidos para o desempenho da atividade. Na capital, quem remunera adequadamente, consegue preencher seus postos de trabalho. O que pode oferecer uma prefeitura, além do salário, para vincular um pediatra a sua cidade? Não possuímos nenhuma política de fixação ou plano de carreira médica. Se o salário não for atrativo, provavelmente a vaga não será ocupada por profissional qualificado.

A exclusão do Pediatra da atenção básica, em âmbito nacional, foi uma política inadequada do Governo Federal. Isso tem trazido risco e prejuízo para a população, principalmente à de menor renda. Vivemos em um cenário em que o atendimento nos Postos de Saúde é realizado por profissionais recém-egressos das Universidades, sem a formação idealizada de médico de família. A Sociedade Brasileira de Pediatria tem pautado essa discussão com frequência junto ao Ministério da Saúde. A troca de Governo sempre gera expectativa de que avanços possam ocorrer, e de que essa política possa ser revista ou remodelada.

Acreditamos que a racionalização do recurso é de extrema importância para viabilizar nosso Sistema Único de Saúde. Entretanto, qualquer processo de racionalização na área da saúde não pode passar por desqualificação assistencial. Uma leitura correta de indicadores pode fundamentar essa necessidade de revisão. Reconhecemos dificuldades, mas vejo um cenário mais otimista para a Pediatria. A não submissão para fontes de remuneração inadequadas sinaliza outras opções de mercado. Os recém-egressos da Residência Médica de Pediatria têm partido de maneira imediata para o mercado de trabalho, seja na capital ou no interior. A prova disso é o crescente desinteresse pela formação complementar em áreas de atuação. Assim, temos a expectativa de que a Pediatria esteja passando por um processo de transição em termos de mercado. Bons pediatras não têm tido dificuldade de inserção profissional e têm conseguido remuneração diferenciada, quando comparados aos seus pares de especialidades clínicas. Acredito que estejamos iniciando um processo de valorização da nossa atividade, que deve trazer um realinhamento de remuneração e de função na cadeia assistencial da população.

 

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